Primeiro voo do programa de “autodeportação” da administração Trump decola dos EUA


Na manhã de segunda-feira, partiu de Houston o primeiro voo fretado da administração Trump com 65 imigrantes que optaram por “autodeportar-se” para seus países de origem — Honduras e Colômbia. A medida faz parte de um novo programa que oferece passagens aéreas gratuitas e um incentivo financeiro de US$ 1.000 para aqueles que decidirem voluntariamente sair dos Estados Unidos.

O programa foi anunciado em março de 2025 como parte da intensificação da política migratória do governo. Por meio do aplicativo oficial “CBP Home App”, imigrantes sem status regular podem solicitar sua inclusão no programa e, ao desembarcar em seus países de origem, recebem a quantia prometida.

A alternativa para quem não adere ao programa, segundo o Departamento de Segurança Interna, é a detenção por tempo indeterminado em centros de imigração superlotados, com possível remoção forçada e restrições permanentes de retorno ao país.

Críticos da medida, como Kerri Talbot, diretora da organização Immigration Hub, alertam que o programa é enganoso: “A maioria das pessoas não poderá retornar legalmente aos EUA. As leis que impedem esse retorno continuam em vigor.” Segundo especialistas, embora o governo mencione a possibilidade de retorno futuro para quem “saiu de forma voluntária”, não há qualquer regulamentação concreta que assegure esse direito.

Além disso, a abordagem do governo tem sido marcada por táticas intimidadoras. De acordo com Michelle Brané, ex-diretora da Força-Tarefa de Reunificação Familiar da administração Biden, o medo disseminado entre a comunidade imigrante pode impedir que as pessoas utilizem o aplicativo de forma segura e informada.

A administração Trump também enfrenta múltiplos processos judiciais por práticas de deportação acelerada, como o uso controverso da Alien Enemies Act para remover venezuelanos acusados de vínculos com gangues, e a recusa em cumprir decisões judiciais em casos como o do salvadorenho Kilmar Abrego Garcia, deportado erroneamente para uma prisão em El Salvador.

Diante desse cenário, especialistas em imigração recomendam cautela. Programas que envolvem saídas voluntárias devem garantir pleno conhecimento de direitos, ausência de coação e caminhos claros para eventual regularização. A falta de garantias nesse novo modelo reforça a necessidade de assistência jurídica especializada para qualquer imigrante que considere aderir à chamada “autodeportação”.

Fonte: Axios


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