Departamento de Justiça Permite Acesso do DOGE a Dados Confidenciais de Imigrantes nos EUA

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) autorizou recentemente uma equipe de “consultores” do Serviço DOGE a acessar o ECAS — um sistema altamente sensível que armazena informações detalhadas sobre imigrantes legais e indocumentados. A decisão, revelada por documentos obtidos pelo The Washington Post, levanta preocupações sérias sobre a privacidade e a segurança de dados pessoais.

O ECAS (Sistema de Tribunais e Recursos do Escritório Executivo de Revisão de Imigração) mantém registros completos do ciclo de vida dos casos de imigração, incluindo:

  • Nomes e endereços de imigrantes
  • Históricos de comparecimento em tribunais
  • Depoimentos confidenciais
  • Interações anteriores com autoridades policiais

O sistema é utilizado desde a década de 1990 e contém milhões de registros que, tradicionalmente, são acessíveis apenas a advogados, investigadores especializados e um número limitado de funcionários do DHS.

Segundo os documentos analisados:

  • Cerca de seis consultores do DOGE receberam permissão para acessar o ECAS.
  • Entre eles, estão Adam Hoffman, Payton Rehling e Jon Koval, ligados a empresas de private equity relacionadas a Elon Musk.
  • Também faz parte da equipe Marko Elez, cuja contratação gerou polêmica devido a ligações com postagens racistas nas redes sociais.

O Departamento de Justiça e os próprios consultores não comentaram publicamente sobre o acesso.

A iniciativa é parte de um movimento mais amplo do governo Trump para ampliar o acesso a bancos de dados federais sensíveis, fortalecendo esforços de deportação. Entre as preocupações levantadas estão:

  • Violação de expectativas de privacidade:
    Informações confidenciais fornecidas para procedimentos legais, saúde ou habitação agora podem ser utilizadas para rastrear e deportar indivíduos.
  • Risco para solicitantes de asilo:
    Depoimentos confidenciais armazenados no ECAS, se expostos, podem colocar a vida de solicitantes de refúgio em perigo.
  • Desvio de uso dos dados:
    Críticos, como Lynn Damiano Pearson do Centro Nacional de Direito de Imigração, alertam que a mudança compromete o respeito à confidencialidade esperada por imigrantes que buscam regularizar sua situação.

Além do ECAS, o DOGE tem tentado acessar outros bancos de dados sensíveis:

  • Medicare: Solicitação de informações de saúde para localizar imigrantes.
  • Previdência Social: Tentativa de registrar imigrantes vivos como mortos para forçar autodeportações.
  • IRS (Receita Federal): Uso de dados fiscais para identificar possíveis indocumentados.
  • Departamento de Habitação: Identificação de famílias de status misto para expulsão de programas de habitação pública.

Essas ações causam alarme entre defensores dos direitos humanos e especialistas em segurança da informação.


O acesso do DOGE ao ECAS marca uma nova fase na forma como o governo Trump lida com dados de imigração. Para imigrantes nos Estados Unidos, isso representa:

  • Maior exposição de informações pessoais.
  • Riscos adicionais para aqueles em processos legais sensíveis.
  • Necessidade de maior cautela e busca de apoio jurídico especializado.

À medida que o governo expande suas fontes de dados para ações de deportação, a proteção de dados e os direitos civis tornam-se temas ainda mais críticos no debate sobre imigração nos EUA.


Fonte:  washingtonpost.com

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